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Irã x Israel: entenda o que dizem especialistas sobre os ataques

O conflito, que já se desenrolava por meio de sabotagens, assassinatos seletivos e guerras por procuração, agora corre o risco de se transformar em um confronto aberto, com repercussões regionais e globais

Natasha Werneck
13/06/2025 | 17:11
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FOTO: Reprodução | X (@iraninarabic_ir)


O ataque israelense a alvos no Irã na madrugada desta sexta-feira (13) e a retaliação iraniana com drones e mísseis marcam um ponto crítico em décadas de hostilidades indiretas entre os dois países. O conflito, que já se desenrolava por meio de sabotagens, assassinatos seletivos e guerras por procuração, agora corre o risco de se transformar em um confronto aberto, com repercussões regionais e globais.

Em entrevista ao Diário, Vladimir Feijó, professor de Relações Internacionais do UniArnaldo Centro Universitário, analisou a crise e seus desdobramentos. Segundo ele, a escalada atual é resultado de um acúmulo de tensões desde a Revolução Islâmica do Irã, em 1979, quando o país ou a enxergar Israel como um "inimigo mais fácil", por sua aliança com os EUA.

"O Irã historicamente usou grupos aliados, como o Hezbollah, para atacar Israel sem se expor diretamente. Agora, com oficiais e instalações estratégicas sendo alvejados, pode sentir necessidade de retaliar por conta própria", explica Feijó.

Risco de guerra aberta e o papel dos EUA 6k403

A morte de cientistas nucleares e líderes militares iranianos em ataques atribuídos a Israel foi interpretada pelo Irã como uma "declaração indireta de guerra". O país já convocou uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU, reivindicando o direito à legítima defesa.

Para Feijó, o risco de um conflito direto é real, mas barreiras diplomáticas e estratégicas ainda podem contê-lo. "Ambos os lados sabem que uma guerra total traria custos altíssimos, como perda de apoio internacional e colapso econômico", pondera. No entanto, a pressão popular por uma resposta dura cresce nos dois países.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, têm um papel ambíguo: "São simultaneamente um freio e um combustível para a crise", afirma o especialista. Washington fornece armas e apoio político a Israel, mas também pressiona parceiros regionais, como Arábia Saudita e Egito, a conter o conflito.

Impacto regional e global 5r601e

O conflito ameaça arrastar Líbano, Síria e Iraque, onde milícias pró-Irã operam. "O Iraque é especialmente vulnerável, com forte presença militar americana", alerta Feijó. Além disso, o mercado global de petróleo já sofre com a instabilidade. O Irã controla o Estreito de Hormuz, agem crítica para 20% do petróleo mundial, e qualquer interrupção pode disparar os preços.

A ONU, por sua vez, tem capacidade limitada de mediação. "O Conselho de Segurança está paralisado por vetos cruzados. O máximo que pode fazer são apelos diplomáticos", diz Feijó.

Armas nucleares e direito internacional 331h4b

Israel justificou seus ataques como "prevenção ao avanço nuclear iraniano", mas Feijó ressalta que o Direito Internacional não autoriza ações preventivas. "Só há legítima defesa se o ataque for iminente, o que não era o caso".

Sobre o programa nuclear do Irã, o professor avalia que o país já tem tecnologia para desenvolver armas atômicas, mas esbarra em uma proibição religiosa. "Se antes havia um limite moral, a escalada atual pode fazer o Irã acelerar secretamente seu programa".

Enquanto o mundo aguarda os próximos capítulos deste embate, uma certeza persiste: a sombra de uma guerra maior paira sobre o Oriente Médio, com efeitos que podem se espalhar muito além da região.




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